De mudança

Revivo esse blog como quem remexe um velho guarda-roupas e coloca suas coisas numa caixa, se preparando para fazer uma mudança. Agora observo bibelôs, velhas contas pagas, blusas fora de moda, sapatos gastos. Meu museu pessoal.

Museu que não são os textos em si. Não reli sequer um deles.

Tudo começa com uma foto velha, dos meus tempos portugueses, no topo da página. Do outro lado da objetiva eu, minhas amigas brasileiras do Lumiar (Lia, Cami, Carol), um lanche regado a falsos pastéis de Belém, a tentativa frustrada de encontrar na Universidade de Lisboa uma academia de ginástica decente. Os azulejos refletiam as copas das árvores, ainda cheias de folhas verdes, resistindo ao outono.

Nas tags, referências ao Coque Vive, às eleições 2006, ao meu então (per)curso de jornalismo, a uma viagem ao Rio de Janeiro, ao dia em que ouvi Fernando Pessoal em holandês. Está tudo aqui, mas tudo passou. Até os amigos, que já não escrevem nos seus blogs que relacionei ao meu para sempre vê-los. Já não encontro os textos. Já não vejo as pessoas. E olhar para tudo isso é encarar um vazio tão cheio de tudo, cheio da vida que foi, e que agora é tão diversa. Não pior, não melhor, apenas diversa.